19 de nov. de 2008

entrevista: zenon

Falo bem, falo de mim
O ex-craque Zenon não vacila nas palavras, parte pra cima como nos tempos de jogador

Papo bom não se perde. A exemplo da entrevista com Danilo, Zenon foi contatado para dar uma declaração sobre outro craque (como ele) do passado, para material especial aqui da Alto Astral. Gente boa, o papo no telefone rendeu. Campeão brasileiro pelo Guarani em 1978 e camisa 10 do famoso Corinthians dos tempos da Democracia, ele ainda cultiva seu vistoso bigode (como pode ver na foto) e atua como comentarista esportivo (está de segunda a sexta, às 13h, na TV Século 21 de Campinas, sintonizada em antena parabólica). Como tal, conversou com propriedade sobre o futebol atual. A certa altura da conversa – ao contrário da boleirada de hoje, cada vez mais óbvia e careta – falou de si sem parecer arrogante. Tivesse maltratado a bola, seria caso de internação. Mas jogou muito.

Você concorda com (grande) parte da crônica esportiva que diz que o nível técnico do Brasileirão é sofrível?
De forma nenhuma. Temos um grande número de bons jogadores no futebol brasileiro. É inegável que os melhores estão na Europa, mas não concordo com os que falam que o nível está muito abaixo daquele da década de 90. Só não gosto da fórmula de disputa, que só favorece os grandes clubes. Os times médios jamais terão oportunidade de disputar o título.

Você acha que os pontos corridos vão estrangulá-los?
Claro que sim! Eles nunca terão o gosto de disputar de igual para igual com os grandes clubes. A fórmula de pontos corridos favorece os clubes estruturados e que têm uma cota maior da televisão, realizam grandes contratações e têm elencos fortes. Nunca se verá um time de porte médio brigando pelas primeiras posições.

O que esperar do Maradona como técnico da Seleção Argentina?
O conhecimento no futebol, para quem foi um jogador de ponta, não deixa nada a desejar em relação ao treinador que é formado não sei onde. Eu não vejo diferença nenhuma. Acho muito bom dar cargos dessa grandeza para ex-atletas que foram destaques dentro da própria Seleção. Não acho uma coisa absurda.

E a admiração dos atletas pelo Maradona pode ajudar, agora que estarão frente a frente com seu herói, no vestiário...
É um doping natural para eles. Vejo com bons olhos esse caso. Pelo fato de eles o terem como ídolo, darão o melhor de si para buscar as vitórias.

E você, não pensa em ser treinador?
Já recebi convites. Mas hoje vivo um momento gostoso na vida, pois comento esportes e ainda posso bater uma bolinha no final de semana. Jogo pelos masters do Corinthians e pelas seleções paulista e brasileira. Tudo isso me deixa com a alma feliz e no momento não penso em trocar essa vida para virar treinador. Mas essa possibilidade também não está descartada... Eu domino muito fácil a função de comentarista porque eu tive a prática durante 20 anos, estudei futebol, sou formado em educação física e me formei técnico de futebol pelo sindicato de técnicos. Então, conhecimento eu tenho de sobra. Mas ainda é cedo para abraçar essa carreira.

Cobrança de faltas, uma especialidade sua: quem arrebenta no Brasil nesse quesito?
Por incrível que pareça, ainda é o Rogério Ceni, um goleiro. Não vejo outro. Apesar de o Marcelinho ainda estar em atividade, parece que não está treinando mais como antes, o que talvez tenha afetado essa característica dele. Se estivesse “em ação” como antigamente, seria o melhor.

Com a correria do futebol de hoje, o Zenon teria o mesmo bom desempenho?
Mais do que antes. Com esse trabalho que existe hoje, específico para cada atleta, de acordo com suas características, Pelé faria cinco mil gols. O Garrincha jogaria muito mais. E eu também, se tivesse toda essa força. Com a técnica que eu tinha e com esse trabalho físico de hoje, eu seria muito mais produtivo. Hoje, quem tem uma característica quase parecida com a minha é o Hernanes, do São Paulo. Ele se aproxima muito das minhas características. Ele desarma, arma, ataca e faz gols. Hoje eu seria um Hernanes, só que com um fundamento a mais, o lançamento – coisa que ele não faz.

Foto: reprodução TV Século 21

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