12 de mai. de 2010

os 23 escolhidos

O mau humor de Dunga e da imprensa


 Não há muito o que polemizar sobre a lista de Dunga. A discordar, com certeza, sempre haverá. Mas imaginar que ele fosse fazer muito diferente do que anunciou... O clamor por Neymar e Ganso foi muito mais manifestação de esperança de quem se encantou pelos meninos do que crença de que teriam chances - apesar da enormidade de jornalistas relatando ter "fontes" quentíssimas, de dentro da CBF, garantindo o meia do Santos.

Aliás, o comportamento da imprensa esportiva (na qual me incluo, sou parte dessa vidraça) merece destaque. Muitos colegas decretaram Dunga o inimigo número um da nação, justificados pelo jeito zangado do treinador. No fundo, não se esqueceram dos xingamentos do capitão de 1994 ao erguer a taça. Mais: não se conformam que bateram nele por três anos e meio, e o homem do cabelo espetado, exceção feita à Olimpíada, ganhou todas as competições que disputou.

Não estou defendendo Dunga. Estou avaliando o cenário. Parêntese: até porque não engoli Doni, Gomes e Grafite. Ele também falhou ao justificar a ausência de Ganso e, mais tarde, via site oficial da CBF, descobrirmos que Paulo Henrique está entre os sete anões de stand by. Fecha parêntese. E o cenário é de uma crônica esportiva de mau humor, prevendo fracasso, resmungando. Os totós que a Seleção aplicou em Portugal, Itália, Argentina e Uruguai podem não ter sido a fina flor da bola, mas são prova de eficiência. Eficiência, que, claro, não sou cego, pode se esvair sem a figura central de Kaká, sem substituto à altura. Percebam: também vejo defeitos na conduta de Dunga, o problema está no mau humor, repito. Vale, e é necessário, analisar, apontar erros - mas não com o dedo na cara.

Resumindo: todo esse rancor da imprensa criou um monstrinho: Dunga está afiado, defensivo, irônico. Esse clima de guerra nem tanto fria entre comissão técnica da Seleção e imprensa será a tônica da cobertura da Copa. E nem a Globo, que tem por esporte "torcer pelo Brasil", foge à regra. A diferença é que Galvão Bueno só desce do patriotismo a todo custo depois da derrota. E chuta cachorro morto como ninguém - as meias de Roberto Carlos que o digam.

Em tempo: ainda bem que usei o verbo na condicional (teria...) para citar o 'relato' do jornalista Odir Cunha, no post anterior. Primeiro de abril fora de hora, de mau gosto. Ok, de minha parte faltou malícia, mas vá ler os comentários do público dele. Acreditaram também, portanto, foram enganados - e ele não conhece o nível de compreensão de seu público. Enfim, deixa pra lá.

Foto: Agência Photocamera

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