O mau humor de Dunga e da imprensa
Não há muito o que polemizar sobre a lista de Dunga. A discordar, com certeza, sempre haverá. Mas imaginar que ele fosse fazer muito diferente do que anunciou... O clamor por Neymar e Ganso foi muito mais manifestação de esperança de quem se encantou pelos meninos do que crença de que teriam chances - apesar da enormidade de jornalistas relatando ter "fontes" quentíssimas, de dentro da CBF, garantindo o meia do Santos.
Aliás, o comportamento da imprensa esportiva (na qual me incluo, sou parte dessa vidraça) merece destaque. Muitos colegas decretaram Dunga o inimigo número um da nação, justificados pelo jeito zangado do treinador. No fundo, não se esqueceram dos xingamentos do capitão de 1994 ao erguer a taça. Mais: não se conformam que bateram nele por três anos e meio, e o homem do cabelo espetado, exceção feita à Olimpíada, ganhou todas as competições que disputou.
Não estou defendendo Dunga. Estou avaliando o cenário. Parêntese: até porque não engoli Doni, Gomes e Grafite. Ele também falhou ao justificar a ausência de Ganso e, mais tarde, via site oficial da CBF, descobrirmos que Paulo Henrique está entre os sete anões de stand by. Fecha parêntese. E o cenário é de uma crônica esportiva de mau humor, prevendo fracasso, resmungando. Os totós que a Seleção aplicou em Portugal, Itália, Argentina e Uruguai podem não ter sido a fina flor da bola, mas são prova de eficiência. Eficiência, que, claro, não sou cego, pode se esvair sem a figura central de Kaká, sem substituto à altura. Percebam: também vejo defeitos na conduta de Dunga, o problema está no mau humor, repito. Vale, e é necessário, analisar, apontar erros - mas não com o dedo na cara.
Em tempo: ainda bem que usei o verbo na condicional (teria...) para citar o 'relato' do jornalista Odir Cunha, no post anterior. Primeiro de abril fora de hora, de mau gosto. Ok, de minha parte faltou malícia, mas vá ler os comentários do público dele. Acreditaram também, portanto, foram enganados - e ele não conhece o nível de compreensão de seu público. Enfim, deixa pra lá.
Foto: Agência Photocamera
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