30 de nov. de 2008

brasileirão 2008

Hexa: não foi hoje!
E talvez não seja mais...


Nenhum menosprezo ao Fluminense, vice-campeão da América. Mas poucos imaginaram que os tricolores do Rio fossem engrossar tanto. O primeiro tempo foi de pressão para cima de Rogério Ceni. No segundo, o São Paulo, depois de sofrer o gol, acordou, mas o ataque - principalmente Dagoberto - não estava inspirado.

Agora, todos os olhos se voltam para o Goiás, que foi buscar o empate contra o Flamengo depois de começar perdendo de 3 a 0 - esse resultado no Maracanã afasta ainda mais o Rubro-Negro da Libertadores. Uma vitória dos goianos sobre o São Paulo - que só precisa de um empate - não será nada anormal. Assim como um triunfo do Grêmio sobre o Atlético-MG, no Olímpico.

Para um campeonato tão emocionante, um ótimo final. Ah! Nem sou muito bom nisso, mas acertei os empates de Flamengo e Palmeiras e a óbvia vitória do Grêmio - e errei sobre Cruzeiro e São Paulo. Lamento pela Lusa. O Vasco ainda cai. E o Ipatinga já vai tarde - afundar-se na Segundona do Estadual de MG também.

Arte sobre foto de Thiago Prado Neris/TV Globo

brasileirão 2008

São Paulo hexa: é hoje?












Tudo leva a crer que sim. Lembro de assistir Muricy contando, em entrevista após o penta, que 'obrigou' seus atletas a vencerem o jogo-chave contra o Cruzeiro, então vice-líder, no segundo turno do Brasileirão-07. Preleção semelhante deve ocorrer hoje, contra o Flu, para garantir o título diante da torcida. E se já não faltava motivação, o falecimento do ex-presidente Marcelo Portugal Gouveia na noite de ontem é mais um elemento para os jogadores se dedicarem em campo para homenageá-lo.

Nos outros jogos decisivos, dá Grêmio fácil contra o Ipatinga e o Cruzeiro supera os reservas do Inter. O Flamengo, apesar do Maracanã, vive dias nebulosos e desconfio de um empate. Mesmo resultado que deve ocorrer no Barradão, entre Palmeiras e Vitória. Vagas da Libertadores definidas só na última rodada.

Arte sobre fotos de divulgação (Vipcomm)

29 de nov. de 2008

craques 90 aos montes!

Showbol é bom pra memória

Eu não gosto desse negócio de bate-volta na parede. Parece que os ex-craques estão enjaulados. Mas que é muito bom recordar, ver figuras como Ayupe, Tinho, Renato (Laércio, Carioca), Nélio, Lira, Andrei, Ivan, Macedo... Ainda tem feras como Juninho Paulista, Djalminha e Donizete Pantera.

Entretanto, o comentarista da Sportv perde tempo falando em tom sério a postura dos times, a tática, etc. Melhor seria lembra que fulano jogou aqui e ali, fez gol decisivo naquele campeonato. E o canal poderia resgatar imagens desses caras quando a bola estiver parada. Vale assistir, enfim.

vasco: novo uniforme, parte 2

Ah, bom...

O Vasco divulgou as camisas 1 e 2 para a temporada 2009. Ué, já não o havia feito? (Confira alguns posts abaixo). Mas a chiadeira dos cruzmaltinos foi tanta que o presidente Roberto Dinamite alegou serem aqueles os uniformes 3 e 4. Tá... De qualquer forma, em tempos de marketing, fez barulho, mesmo que na hora errada.

Eu havia pegado no pé da fornecedora Champs, por sua pouca representatividade, mas parece que a empresa veio com tudo. Em entrevista à Máquina do Esporte, a proprietária, Mari Leandrini, revelou a ambição de ser a líder no mercado brasileiro (que tem Penalty, Topper, Olympikus, etc) em cinco anos. O Vasco é a aposta inicial, investimento de R$ 23 milhões por um contrato de três anos. Curioso foi ela, a certa altura, sem o repórter Gustavo Franceschini citar a Série B, soltar essa: "O Vasco é um grande clube e em qualquer divisão ele vai alavancar as vendas" - e finalizou dizendo estar torcendo contra a degola.

Assunto camisa resolvido (inclusive com as estrelas de volta sobre a cruz-de-malta), foco total em Curitiba. Keirrison ou milagre?

Imagem: Divulgação

28 de nov. de 2008

time imaginário: laterais-direitos

Onze camisas 2















Mais um da série Time Imaginário, agora com os laterais-direitos que se espalharam pelo campo - exceção feita ao atacante que quebrou galho na ala e ao hoje lateral que é ex-volante.

Rogério Ceni: é sempre o coringa nessas ocasiões e, talvez, até se desse bem de lateral-direito mestre na bola parada, como Paulo Roberto, Anderson Lima, Arce, Edson Boaro, Nelinho, etc...
Carlinhos Bala: se o time é dos laterais que mudaram de posição, eis um que virou lateral, quando Nelsinho Batista precisou que ele corresse muito pela beirada da Ilha do Retiro.
Leandro: o eterno camisa 2 da Gávea, ao ver o jovem Jorginho arrepiando na base, olhou para seu joelho cansado e pediu para jogar na zaga. E deu conta do recado - campeão estadual (1986) e nacional (1987).
Panucci: em tempos da famosa linha de quatro européia, já nem sei mais onde joga. Mas é ótima opção no miolo da defesa.
Júnior: o maestro, como sabem, começou no Mengo na direita, até trocar de lado e virar lenda.
Jorginho: quando voltou ao Brasil no fim da década de 90, tornou-se volante no São Paulo e continuou assim no Vasco. O antes disciplinando lateral virou uma máquina de bater...
Belletti: campeão do mundo em 2002 como lateral, aqui neste campo volta a sua posição de origem, como foi revelado no Cruzeiro.
Alessandro: não à toa deram a camisa 5 do Corinthians para ele, pois Mano Menezes o utilizou muito no meio-campo. Acabou voltando para sua posição de origem.
Mazinho: surgiu como lateral-esquerdo no Vasco, mas fez fama na direita e, por fim, foi campeão do mundo em 1994 tomando a posição de Raí na armação das jogadas.
Mancini: o mais notório lateral que arrebentou em outra posição. Hoje, cai é pela esquerda, como ponta, dribla e faz gols pela Internazionale - depois de chamar a atenção na Roma.
Paulo Baier: goleador tem que jogar na frente, certo? Ele é simplesmente o artilheiro da era dos pontos corridos do Brasileirão.
Técnico: Nelsinho Batista, afinal, quando jogador era lateral-direito.

de prima

Rubro-negros: chororô e golaço

Rapidinho, duas notinhas:

- Já encheu o assunto pênalti em Tardelli. O Flamengo está desviando o foco. Não foi a suposta penalidade - pra mim não foi - que tirou o título ou a vaga na Libertadores. Foram as derrotas para Vitória e Atlético-MG e o empate com a Portuguesa no Maracanã. Piores somos nós, imprensa, que damos eco a essa besteira só porque o Rubro-Negro carioca dá audiência.

- Já postei que acredito em Ronaldinho. Ele continua enganando bem com a bola rolando, correndo pouco, arrancadas zero. Mas, mesmo assim, fazendo seu gols. Impecável na bola parada, inclusive. Só os diferenciados têm essa sobrevida durante má fase. Continuo batendo palmas para o dentucinho do Rubro-Negro italiano.

27 de nov. de 2008

sul-americana: inter quase

Boa, Colorado!

Vale grana, vale taça, vale por bater argentinos, inclusive o Boca! O Internacional, último clube brasileiro a ser campeão continental e mundial, está a um empate de ganhar a Copa Sul-Americana. Tomara que inaugure uma nova era, em que os nossos clubes passem a valorizar a competição, mesmo sendo a de segundo peso na América do Sul. Ou a Copa Uefa não vale nada?

E não me venham com o argumento-Luxemburgo de que não classifica para nada - lembro-me que a antiga Supercopa também não dava vaga para nada, na década de 90, e Cruzeiro (duas vezes), São Paulo (uma vez) e Flamengo (dois vices) davam muita importância ao torneio. Na época, ainda havia uma terceira competição, a Copa Conmebol - Atlético-MG (duas e um vice), Botafogo e Santos (duas) suaram sangue e enfrentaram catimbas para levar esse troféu para casa. Fora Copa Master, Recopa...

O Inter encarou a competição - ok, perdeu fôlego no Brasileiro e priorizou, mas não perde o elogio por isso - e se comportou como campeão do mundo que é em gramados argentinos. De quebra, derrubou o rival Grêmio na campanha. Daqui dez anos, ninguém vai se lembrar se foi time reserva ou não, apenas lerá o resultado nos arquivos.

E eu que esperava que o hermano Guiñazu seria a experiência e catimba. Foi expulso a 25 minutos de jogo e os colegas se desdobraram para buscar - e manter - a vitória. Coube a Lauro simular cãibra nos descontos. D´Alessandro continua bem, Alex idem. Semana que vem, meu plantão não vai ser em vão.

Site do diário argentino Olé!, logo após a partida: leões do Estudiantes encurralados em casa. Imprensa argentina joga junto e já fala em revanche quarta que vem (Imagem: reprodução)

26 de nov. de 2008

entrevista: edu dracena

Zagueiro do Fener fala do Galinho

Ainda sobre a material que produzimos sobre o Zico, o zagueiro Edu Dracena enviou seu relato sobre o treinador, com quem chegou às quartas-de-final da Champions League. Infelizmente, a resposta não veio a tempo de ser publicada na revista. Mas, ele foi tão solícito em meio à correria da temporada, que publico aqui sua relevante opinião sobre o atual técnico do Bunyodkor:

"Para mim é uma alegria enorme falar do Zico. Nestes dois anos que tive a oportunidade de trabalhar com o Zico, aprendi muito. O Zico me deu alguns toques de como encontrar os atalhos para encurtar os espaços dentro do campo, e passou toda sua experiência que adquiriu jogando, só que agora como treinador. Com o nosso time, em dois anos sobre o seu comando, ganhou o título da Liga Turca no ano do centenário do clube, ganhou uma Supercopa da Turquia e levou o time ao feito inédito de chegar às quartas-de-final da Champions. Foram dois anos que trabalhamos muitos felizes e obtivemos maravilhosos resultados. Só tenho que agradecer ao Zico e ao Eduzinho, seu irmão, por ter trabalhado esse tempo. Já estamos sentindo saudades. Tenho certeza que o Zico vai ser uns dos grandes treinadores do mundo, em pouco tempo."

Foto: reprodução site oficial Edu Dracena

brasileirão 2008: sua seleção

Escale seu time do campeonato

Pode ser no 4-4-2 ou no 3-5-2, depois eu banco o 'professor' e arrumo as feras mais votadas. Publicarei o time escolhido pelos leitores depois que o Brasileirão acabar.

Cornete aí!

25 de nov. de 2008

brasileirão 2008

Taça no Bezerrão

- A CBF confirmou que a partida entre Goiás e São Paulo, pela última rodada, será no Bezerrão, em Gama, mesmo estádio do amistoso entre Brasil e Portugal. Se o Tricolor já chegar lá campeão, ergue a taça no palco candango, para delírio do governo do Distrito Federal. Tal decisão agradou também o time do Morumbi, por jogar em um palco com boa grama e conforto. O Goiás, que perdeu o mando de campo, só irá se pronunciar depois do julgamento do efeito suspensivo.

- A iminência do título tricolor é tanta que o discurso gremista já é confirmar vaga na Libertadores. Lembrando: só os gaúchos podem tirar o caneco do Morumbi. 'Basta' o São Paulo perder para Fluminense e Goiás e o Grêmio bater Ipatinga, fora, e Atlético-MG, em casa. Impossível não é. Mas a turma de Muricy vai comer grama, se preciso, domingo no Morumbi.

- Com a suspensão de Kléber Pereira (dois jogos), o caminho está aberto para o coxa-branca Keirrison tornar-se o artilheiro do Brasileirão. Domingo, no Couto Pereira, pega o Vasco, coitado...

Foto: reprodução GloboEsporte.com (Thiago Lavinas)

24 de nov. de 2008

vasco: novo uniforme

Camisa de segunda

Não haveria hora mais imprópria para anunciar novo uniforme. Mas, segundo o GloboEsporte.com, a notícia vazou e o Vasco foi obrigado a mostrar os designs aprovados. Eu havia mesmo estranhado a ausência de fotos de divulgação do Vasco na agência Vipcomm, que tem a Reebok, atual fornecedora dos cruzmaltinos, como cliente.

O certo é que, às vésperas de cair para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, o que aparentemente ajudaria a desviar o foco da crise, revela uma tendência: o uniforme combina com a Série B. Com todo respeito à fornecedora Champs, o clube mais famoso que ela veste é o Bragantino. E as camisas, tanto titular quanto reserva, fogem completamente das tradições de São Januário. Não sou contra inovações, mas pelo menos um dos mantos tem que ser tradicional - o Corinthians fez o mesmo: camisas um e dois não são as tradicionais.

Além do mais, arrancaram duas das oito estrelas - provocação a Eurico? - que deixam de figurar sobre a cruz-de-malta e vão para a nuca! Enfim, pior do que a nova roupa vascaína, só aquela época sem fornecedor, nos idos de 2001.

Ainda nesta segunda, Renato Gaúcho já convocou Jesus Cristo para salvar o clube da degola. Ele já jogou a toalha.

Imagens: Divulgação site oficial do Vasco

23 de nov. de 2008

brasileirão 2008

Hexa: contagem regressiva

Já era. O São Paulo será hexacampeão brasileiro. O primeiro a ganhar três vezes seguidas. Há algumas semanas, quando a maioria dos cronistas do diário Lance! apontou Palmeiras favorito, disseram que o principal motivo era seu treinador. Pois, treinador que tem dez dedos de mérito na taça é Muricy Ramalho. No início do ano, para jogar em função de Adriano e Fábio Santos, montou um time equivocado, com Richarlyson na ala, Jorge Wagner sobrecarregado na armação, indefinição entre o 4-4-2 e o 3-5-2. Acabou encontrando as peças certas, acreditando em Hugo e Dagoberto e, pra variar, revelando jogador - depois de Breno, o jovem craque da vez é o volante Jean. Depois de iniciar o segundo turno 11 pontos atrás do Grêmio, o São Paulo chegou. Não dá para questionar. Só resta a todos aplaudir.

- O Flamengo chegou à 36ª rodada como melhor desempenho fora de casa exatamente pelo fato de jogar aberto, ofensivo, na casa do adversário. Mas isso lhe custou a derrota de hoje. Assim, começou o domingo com chances de título e terminou fora do G4.

- Nenhuma surpresa o Palmeiras ganhar, nem o Vitória bater o Grêmio na Bahia - assustou foi o ferrolho tricolor sofrer goleada.

- Imaginei que o Vasco, desesperado, fosse vencer o São Paulo e ajudar a embolar o campeonato na reta final. Mas o time é muito fraco. Só lamento que Eurico Miranda vai se gabar de que teria salvo time e que Roberto Dinamite vai carregar essa mancha em sua gloriosa trajetória cruzmaltina. Sim, porque o Vasco já era. Cairá na próxima rodada.

Foto: Daniel Zappe/Vipcomm

22 de nov. de 2008

balanço segundona

Onze motivos para o Corinthians comemorar

Não preciso nem esperar o jogo do Timão, contra o Avaí, acabar. A tarefa da Série B já foi cumprida há algumas semanas. O corintiano pode (e deve) vibrar bastante com o ano de 2008. Para quem duvida, onze bons motivos - inclusive para acreditar em um 2009 competitivo:

1
O treinador é bom. Transformou uma salada de contratações em um time que todos decoraram a escalação titular. Mano Menezes, além disso, não ficou cavando uma vaguinha midiática entre os treinadores top. Sabe que ainda tem a evoluir.

5 A impressão é de que esse time não passaria vergonha na Série A. Brigaria pela Sul-Americana, pelo menos. Talvez Alessandro e Herrera não continuem titulares em 2009, mas serão peças importantíssimas. André Santos e Douglas precisam confirmar, na elite, tamanha badalação - aposto mais no camisa 10.

3 Se não encheu tanto os bolsos quanto imaginava, pelo menos o Corinthians deu uma chacoalhada no marketing do futebol brasileiro, antes exclusividade do São Paulo. Kit 'antiabandono', camisa roxa, animadoras de torcida gostosas, foto do doente no manto, livro de fotos...

4 A zaga alvinegra não fica devendo muito às defesas de Grêmio e São Paulo. Chicão e o capitão William são firmes, têm personalidade. De quebra, o primeiro é goleador.

27 Depois da enésima tentativa frustrada de dar início à construção de uma nova arena, o clube começa a se dar conta que a casa corintiana é, e sempre será, o Pacaembu. Pode chamar de seu. O estádio transpira Timão.

6 Se a situação política ainda não é tão transparente quanto prometeu a diretoria, pelo menos vivemos um momento em que a imprensa pode atuar. Freqüentemente, Folha, Estado e Diário publicam notas sobre as contradições e bastidores do poder alvinegro.

7 O quarteto do meio-campo do Corinthians veio chegando, a conta-gotas, durante o ano e se entrosaram de forma impressionante. Elias, principalmente, joga muito.

10 É sempre bom lembrar que a mídia viu-se obrigada a dividir as atenções da Série A com a Segundona. As passagens recentes de Palmeiras, Botafogo, Grêmio e Atlético-MG pelo purgatório não fizeram tanto barulho quanto agora - a ponto de a Globo reservar o sábado à tarde para o Timão.

9 Convenhamos, passar um ano calmo - apesar de o sofrimento ser o combustível do torcedor - poupou os corações corintianos. Para não dizer que foi totalmente sossegado, a derrota na Copa do Brasil...

31 Essa, eu, como jornalista, não curto muito, mas o torcedor /espectador não tem nada com isso. Nenhum outro time tem tantos comentaristas declarados como o Corinthians. O que deixa as mesas-redondas chatas - para os outros, não para os fiéis.

17 O principal motivo a comemorar é que o clube tem chance, estando na Série A - se não der de novo na Copa do Brasil - de conquistar uma vaga para disputar a Libertadores no ano do centenário, em 2010.

Nota do ridículo
Reportar violência é propagar violência, mas não dá para deixar de comentar a troca de socos em campo, durante o segundo tempo contra o Avaí - os brigões corintianos foram ovacionados pela torcida. Podiam passar sem essa. Encerramento do belo ano corintiano com chave de lata.

Nota do relógio: este horário abaixo foi 'pau' da net. Postei por volta das 17h40.

Fotos: reprodução NikeFutebol.com

21 de nov. de 2008

a bola: talento é aqui!

Pra quem acha que não há talento por aqui

Meu colega David Cintra me alertou sobre a carta que o zagueiro Alex Silva, hoje no Hamburgo, da Alemanha, escreveu para os ex-colegas de São Paulo, incentivando-os rumo ao hexa. A certa altura, ele conta para os amigos a baba que encontrou em seu novo lar:

"Aqui, o futebol é tão fácil que estou jogando de volante e eles me acham craque. De vez em quando, abaixo a cabeça e dou aquelas arrancadas, a torcida vai ao delírio!"

O mesmo futebol europeu onde Betão está ganhando elogios jogando de lateral-direito na Ucrânia, Bordon fez sucesso na Alemanha, Doni é titular da Roma, Pena foi goleador no Porto, Jô é badalado na Inglaterra, e tantos outros etc. Todos bons jogadores, mas que aqui, no exigente futebol brasileiro, pastaram.

Futebol europeu bom se resume aos quatro grandes da Inglaterra, os dois da Espanha, mais um ou dois alemães e quatro italianos. Times que ralariam pra ganhar o Brasileirão. O resto, seria rebaixado para a Série B se jogasse aqui. Ponto final.

Foto: reprodução NikeFutebol.com

entrevista: richarlyson

Quando ainda era titular

O camisa 20 do São Paulo está em período recluso, evitando a imprensa, conforme conta a boa matéria de Jorge Corrêa, publicada hoje no Pelé.net, que emerge Richarlyson do ostracismo -- mal em 2008 após um brilhante (e turbulento) ano de 2007. Então, é boa hora para eu resgatar entrevista que gravei com ele em novembro do ano passado -- apenas declarações que sobreviveram ao tempo, claro. Papo tranqüilo, sobre futebol. Já àquela altura, o assunto homossexualidade estava saturado, pois penso que sua intimidade interessa tão pouco quanto a de qualquer outro boleiro. Torço para que ele dê a volta por cima, pois futebol tem. Que o jogador de carrinhos violentos e vislumbrado com a convocação para a Seleção fique no passado.

Origem
"Nasci em Natal, mas com dois meses vim para Bauru. Passei praticamente toda a minha infância aqui – a não ser quando meu pai, por ser jogador, viajava para alguns clubes fora do país ou mesmo em outros Estados mais distantes. A família toda o acompanhava. Meu pai [Lela, ex-atacante, campeão brasileiro pelo Coritiba em 1985] jogou na Udinese, da Itália, e no Standard Liege, da Bélgica. Nessas duas vezes, a família foi."

Estilo de jogo do pai
"Meu pai era um jogador de muita habilidade, que protegia bem a bola, por ter bom porte físico. Era matador, tinha faro de gol. Essas características eu não tenho. Sou mais polivalente, me movimento bastante, marco bem, tenho impulsão boa e um chute até certo ponto bom de perna esquerda. As características do meu pai ficaram mais para o meu irmão [Alecsandro, ex-atacante do Cruzeiro, que está nos Emirados Árabes]."

Experiência no exterior
"Eu estive na Áustria [Red Bull Salzburg]. É um futebol que não é visado, mas em termos de estrutura e profissionalismo eles estão bem na frente. Mas em termos de projeção de futuro, o Brasil é sempre a melhor opção."

Problemas no Santo André (lá foi campeão da Copa SP de Juniores em 2003)
"Minha trajetória no Santo André foi um pouco conturbada. Eu cheguei para jogar no profissional, disputamos em 2002 a Copa Federação Paulista e eu não fui bem. Como eu tinha idade para jogar a Copa São Paulo, a diretoria me obrigou a disputá-la. Acho que eles não acreditavam que eu poderia vingar. Cheguei no júnior com status, para resolver, por ser o único que atuava no profissional. E deu certo. Coloquei na cabeça que era meu último ano de júnior e o pessoal estava desacreditado, era tudo ou nada. A partir daí, tudo voltou ao normal, passaram a acreditar no meu futebol. Mas nunca pensei que ia chegar num clube grande. Eu tinha o objetivo, mas não esperava, ainda mais da forma como foi. Em 2005, após disputar uma Libertadores com o Santo André, pude escolher o clube onde iria jogar. Aconteceu tudo muito rápido."

De meia para volante
"Joguei apenas umas três partidas como volante no Fortaleza [em 2004], com o Márcio Araújo, treinador na época. Mas ele preferia que eu jogasse mais avançado. Mas foi quando o Mineiro saiu é que surgiu a oportunidade. O Souza foi tentado na vaga, não deu certo, e não havia outro volante. O Muricy tentou comigo e deu certo."

Muricy
"Com os jogadores ele não é ranzinza, a não ser na hora do jogo, o que eu acho certo, é o trabalho dele. Ele tem que dar o melhor. Ele pensa que tem que agir daquela forma e nós jogadores assimilamos, tanto que fomos campeões brasileiros. Mas ele conversa e brinca na hora certa. É um profissional maravilhoso e fora da profissão e o admiro também."

Dupla com Hernanes em 2007
"Quando o Mineiro saiu, depois o Josué, houve um questionamento que o São Paulo tinha que contratar um volante urgente. Eu também achava! Eu e o Hernanes estávamos quebrando o galho e o elenco precisava de jogadores naquela posição. Mas eu sempre acreditei no meu trabalho, no meu potencial. Esse preparo que eu tive, não só dentro de campo, mas também psicológico, de querer sempre vencer, vai me ajudar a chegar onde eu quero."

Faculdade de Educação Física
"Nas folgas, tenho que saber que alguns exercícios vão trazer fadiga muscular. Quando eu não fazia faculdade, eu não sabia que isso poderia se tornar prejudicial para o meu trabalho. Quando o Carlinhos Neves, nosso preparador, passa algum alongamento ou uma movimentação pós-jogo, eu pergunto o porquê daquilo."

Carreira pós-futebol
"Após ser jogador, pretendo entrar na área de fitness, abrir uma megaestrutura com academia e locais para estética e reabilitação esportiva. Mas é um projeto a longo prazo, penso em jogar muito tempo ainda. Quando acabar a carreira, penso nesse projeto. Nada de ser treinador, nem preparador físico! Deixo para outras pessoas, não tenho a mínima vontade de ser."

Foto em campo: Divulgação Vipcomm
Foto com a mãe, Maria de Lourdes, e o pai, Lela: Fernando BH

20 de nov. de 2008

craque 90: boiadeiro

Legítimo camisa 8

Toda vez que visito um craque do passado na memória, volto na lembrança mais antiga que tenho dele. No caso de Marco Antônio Boiadeiro, é com a camisa 8 do Vasco da Gama campeão brasileiro de 1989 (o time da foto abaixo) -- armava o jogo ao lado de Bismarck e William e, lá na frente, Bebeto conferia.

Essa data exclui, portanto, a melhor fase de sua carreira, no Guarani, quando jogou ao lado de Evair, João Paulo e Ricardo Rocha -- na inesquecível final do Brasileirão de 1986, por exemplo (eu tinha só sete anos...). Depois, li e vi muito a respeito. Ele é uma das jóias do Brinco de Ouro.

Lembro-me de ser um jogador baixinho, de meias arriadas e de muito fôlego. Camisa 8 legítimo. Pelo menos no meu entender de como jogava esse número naquela época. Explico: é o meio termo entre o cabeça de área limitado e o armador habilidoso. O meia-direita, enfim. Hoje, todo mundo na faixa central do campo é "apoiador".
















O Vasco de 1989. Em pé: Mazinho, Luiz Carlos Winck, Zé do Carmo, Quiñonez, Marco Aurélio e Acácio. Agachados: William, Sorato, Boiadeiro, Bebeto e Bismarck

Chutava bem, mas não era de fazer muitos gols. O mais lindo deles, que me recordo, é pela partida de ida da final da Supercopa da Libertadores de 1992, contra o Racing-ARG, no Mineirão. "Boi, boi, boi, boi, Boiadeiro, faz mais um gol pra torcida do Cruzeiro!", gritava a galera. Pelo time azul, seus colegas de meio eram Ademir ou Douglas, Betinho e Luiz Fernando Flores. Municiou ataques distintos. Na primeira Supercopa azul, em 1991, eram Mário Tilico e Charles Baiano. No ano seguinte, os Gaúchos: Renato (ele mesmo, o atual treinador do Vasco) e Roberto. Ainda teve a honra de, em 1993, atuar com Éder Aleixo na conquista da Copa do Brasil. No mesmo ano, ficou marcado por perder pênalti contra a Argentina, na Copa América em que Parreira convocou predominantemente jogadores que atuavam no Brasil.

Depois, disputou o Carioca de 1994 pelo Flamengo. Lá vestiu a 7 (a 8 era de Marquinhos). Dividia o meio ainda com Fabinho e Nélio. Sávio surgia como titular ao lado de Charles Baiano. Carlos Alberto Dias e Valdeir The Flash eram banco. Muitas feras juntas que viram o Vasco chegar ao tri estadual.

Veio o Timão na vida de Boiadeiro, o último grande ato. Títulos paulista e da Copa do Brasil, mas sem a titularidade garantida. Aí, começou a costumeira peregrinação até encerrar a carreira, em 1998, e ser, de fato, um criador de gado. Era um jogador simples, daqueles que treinam muito e cumprem seu papel. Segundo o Futpedia, fez sete gols em 143 partidas no Brasileirão.

Retrato: reprodução CBF News
Foto Vasco: reprodução seção
Que Fim Levou? (MiltonNeves.com.br)

seleção: 6x2 em portugal










Dunga sobrevive

Não sou muito bom de chute, mas desta vez me dei bem. Pode ler no post abaixo da entrevista do Zenon. Deu Brasil e Cristiano Ronaldo passou batido. A goleada não transforma a contestada Seleção Brasileira em uma escola de futebol do dia para a noite. Mas foi bom ver o Brasil golear Portugal no lugar de Venezuela ou Haiti. E, convenhamos, seria até estranho Dunga perder o cargo na festa do Brasileirão, dia 8 próximo, depois desse totó que deu nos lusos -- contrariando rumores publicados aqui e ali.

Dunga, aliás, tem um poder imenso de virar o jogo dos momentos de ameaça. Quando anunciam (não-oficialmente) a forca, ele corta a corda. Provavelmente, soube estimular os jogadores a suar em solo brasileiro após três placares de zero a zero que gastaram nossa paciência. Nosso treinador continua ranzinza, de mal com a imprensa, mas com estrela. Ganhou fôlego. Até quando? Só os resultados -- ou os bastidores -- vão responder na hora certa.

Pulando do banco para o campo, Júlio César continua seguro no gol e firma-se um dos líderes do grupo. Maicon chama a camisa 2 cada vez mais de sua, muito pela pouca concorrência -- Leo Moura oscila, Daniel Alves é um tanto firulento -- mas ninguém pode questionar seu fôlego, sua força, sua entrega. Kléber foi melhor, mas está longe daquele craque de 2006 e 2007. Kaká correu muito, Robinho também e Luís Fabiano usa a número 9 com propriedade enquanto Adriano não prioriza o gramado em sua vida. E, com Elano, Dunga pode contar.

Balanço: talento, ninguém discute. A Seleção engrenará quando identificação, suor, gols -- e as convocações certas -- se multiplicarem. Pra começar essa retomada, está de bom tamanho.

Foto: reprodução GloboEsporte.com (Reuters)

19 de nov. de 2008

entrevista: zenon

Falo bem, falo de mim
O ex-craque Zenon não vacila nas palavras, parte pra cima como nos tempos de jogador

Papo bom não se perde. A exemplo da entrevista com Danilo, Zenon foi contatado para dar uma declaração sobre outro craque (como ele) do passado, para material especial aqui da Alto Astral. Gente boa, o papo no telefone rendeu. Campeão brasileiro pelo Guarani em 1978 e camisa 10 do famoso Corinthians dos tempos da Democracia, ele ainda cultiva seu vistoso bigode (como pode ver na foto) e atua como comentarista esportivo (está de segunda a sexta, às 13h, na TV Século 21 de Campinas, sintonizada em antena parabólica). Como tal, conversou com propriedade sobre o futebol atual. A certa altura da conversa – ao contrário da boleirada de hoje, cada vez mais óbvia e careta – falou de si sem parecer arrogante. Tivesse maltratado a bola, seria caso de internação. Mas jogou muito.

Você concorda com (grande) parte da crônica esportiva que diz que o nível técnico do Brasileirão é sofrível?
De forma nenhuma. Temos um grande número de bons jogadores no futebol brasileiro. É inegável que os melhores estão na Europa, mas não concordo com os que falam que o nível está muito abaixo daquele da década de 90. Só não gosto da fórmula de disputa, que só favorece os grandes clubes. Os times médios jamais terão oportunidade de disputar o título.

Você acha que os pontos corridos vão estrangulá-los?
Claro que sim! Eles nunca terão o gosto de disputar de igual para igual com os grandes clubes. A fórmula de pontos corridos favorece os clubes estruturados e que têm uma cota maior da televisão, realizam grandes contratações e têm elencos fortes. Nunca se verá um time de porte médio brigando pelas primeiras posições.

O que esperar do Maradona como técnico da Seleção Argentina?
O conhecimento no futebol, para quem foi um jogador de ponta, não deixa nada a desejar em relação ao treinador que é formado não sei onde. Eu não vejo diferença nenhuma. Acho muito bom dar cargos dessa grandeza para ex-atletas que foram destaques dentro da própria Seleção. Não acho uma coisa absurda.

E a admiração dos atletas pelo Maradona pode ajudar, agora que estarão frente a frente com seu herói, no vestiário...
É um doping natural para eles. Vejo com bons olhos esse caso. Pelo fato de eles o terem como ídolo, darão o melhor de si para buscar as vitórias.

E você, não pensa em ser treinador?
Já recebi convites. Mas hoje vivo um momento gostoso na vida, pois comento esportes e ainda posso bater uma bolinha no final de semana. Jogo pelos masters do Corinthians e pelas seleções paulista e brasileira. Tudo isso me deixa com a alma feliz e no momento não penso em trocar essa vida para virar treinador. Mas essa possibilidade também não está descartada... Eu domino muito fácil a função de comentarista porque eu tive a prática durante 20 anos, estudei futebol, sou formado em educação física e me formei técnico de futebol pelo sindicato de técnicos. Então, conhecimento eu tenho de sobra. Mas ainda é cedo para abraçar essa carreira.

Cobrança de faltas, uma especialidade sua: quem arrebenta no Brasil nesse quesito?
Por incrível que pareça, ainda é o Rogério Ceni, um goleiro. Não vejo outro. Apesar de o Marcelinho ainda estar em atividade, parece que não está treinando mais como antes, o que talvez tenha afetado essa característica dele. Se estivesse “em ação” como antigamente, seria o melhor.

Com a correria do futebol de hoje, o Zenon teria o mesmo bom desempenho?
Mais do que antes. Com esse trabalho que existe hoje, específico para cada atleta, de acordo com suas características, Pelé faria cinco mil gols. O Garrincha jogaria muito mais. E eu também, se tivesse toda essa força. Com a técnica que eu tinha e com esse trabalho físico de hoje, eu seria muito mais produtivo. Hoje, quem tem uma característica quase parecida com a minha é o Hernanes, do São Paulo. Ele se aproxima muito das minhas características. Ele desarma, arma, ataca e faz gols. Hoje eu seria um Hernanes, só que com um fundamento a mais, o lançamento – coisa que ele não faz.

Foto: reprodução TV Século 21

seleção: brasil x portugal

Vale assistir, acredite

O amistoso tem cheiro de politicagem, mas pelo menos é no Brasil, não no Emirates Stadium (que logo receberá mais um jogo da Seleção). E confesso ter me impressionado com a vinda do popstar Cristiano Ronaldo para atuar no palco candango. Só sua vinda já torna esse amistoso interessante, pelo duelo particular com Kaká. Além disso, há todo o frisson em cima do cargo ameaçado de Dunga, coisa aparentemente mais de imprensa do que dos corredores dos cartolas -- apesar de o jornalista Renato Maurício Prado bancar Muricy antes do fim do ano, segundo uma fonte dele. Resumindo: não desista da Seleção Brasileira, vale a pena assistir a este jogo.

O Brasil vai de Júlio César; Maicon, Luisão, Thiago Silva e Kléber; Gilberto Silva, Anderson, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano. O lateral-esquerdo e o primeiro volante não merecem, no momento, a titularidade -- isso é unanimidade.

Espero por um bom jogo, sem o peso das Eliminatórias e sem a pressão dos cariocas nas arquibancadas. Certamente, melhor do que os sonolentos jogos com Bolívia e Colômbia, até a bolinha que eu joguei hoje com a turma do trabalho. E olha que eu penso duas vezes antes de cornetar a Seleção, vítima de mau humor exagerado.

Palpite: dá Brasil, e Cristiano Ronaldo passa batido.

Foto: reprodução CBF News

18 de nov. de 2008

entrevista: danilo

Meia do Kashima fala do Galinho

Estamos produzindo materiais especiais sobre Pelé e Zico e pedi uma declaração do meia Danilo sobre o Galinho, afinal, ele atua no clube que ganhou fama após a passagem do eterno camisa 10 da Gávea. Ele respondeu a outras perguntas, que publico aqui.

Quando chegou ao Japão, o que constatou a respeito da representatividade do Zico para aquele país?
Não tem como falar em Kashima sem falar do Zico aqui, foi quando começou tudo no clube. A torcida gosta muito dele, em todos os jogos tem várias faixas com frases dele, várias fotos também, e ele ganhou vários títulos como jogador e treinador. Então, isso fica marcado sempre.

Você já viu idolatria maior do que a da torcida do Kashima pelo Zico?
Olha, nunca vi coisa igual, ele vai ser sempre lembrado pelo que fez aqui, todo o pessoal do clube e os torcedores o adoram. É uma coisa bonita de se ver.

Já falou com o Zico, recebeu dicas sobre o futebol japonês?
Não, mas quando estava para vir para o Japão, procurei saber como era tudo e só tive informações boas. Aqui tudo funciona, o futebol aqui é muito veloz, muita bola aérea.

Qual a responsabilidade de atuar no Kashima, sendo brasileiro?
A responsabilidade sempre é muito grande, porque grandes jogadores fizeram historia no clube, como Zico, Jorginho, Leonardo e outros.

Como está sua vida no Japão? Pretende retornar ao Brasil? Recebeu propostas? Jogaria em outro clube paulista que não fosse o São Paulo?
A vida aqui é muito boa, a cidade é tranquila e bem pequena, é um lugar em que a família vive em paz. Este é o segundo ano de Japão, já me acostumei aqui, estou gostando, mas tem hora que dá uma vontade de voltar, mais isso será na hora certa. Há sempre o interesse de clubes brasileiros, mas, por enquanto, quero ficar mais por aqui. Esta é uma questão de profissionalismo, fiz uma história no São Paulo, mas se algum dia aparecer uma oportunidade de ir pra outro clube, irei sem problemas. Sou bem profissional quanto isso.

Foto: reprodução site oficial Kashima Antlers

17 de nov. de 2008

nas bancas

Jogos, craques e Gol

Abaixo, as revistas esportivas (digo, futebolísticas) mais recentes que a Editora Alto Astral publicou. Gol F.C será lançada a partir de 19/11/qua. As outras duas já estão nas bancas -- essas são produzidas na minha equipe (que conta com os jornalistas David Cintra e Marcelo Ricciardi e com o designer gráfico Wilson Monaco Jr, o Wilbour). Estamos resgatando bons momentos da história do nosso futebol e também de olho no futuro. E colaborando com o segmento na banca, que há alguns anos era mirrado, limitado à revista Placar.
Já a mensal Gol F.C. é produzida externamente pela L2M Comunicação, dirigida pelo jornalista Marcos Barrero, com experiência em grandes veículos, coberturas internacionais e uma cabeça muito antenada no que a molecada de hoje curte no mundo dos boleiros. Vale a pena conferir.

Tributo Esportivo Edição Histórica, edição 6: JOGOS INESQUECÍVEIS dos 12 grandes clubes, com depoimentos inéditos e reveladores dos protagonistas das partidas. Galeano, por exemplo, disse que Alex errou o cruzamento naquele gol de cabeça que levou a semifinal da Libertadores 2000 para os pênaltis. Capa do Wilbour e ilustrações de Elias Silveira.

Grandes Craques, ed. 1:
elegemos as 15 feras que atuam no futebol europeu e ousamos ranqueá-los -- o mais metodicamente possível, com quesitos como técnica, salário, aproveitamento em jogos Fifa e Champions, etc. Além de divertidas análises sobre o comportamento desses craques nos games
Fifa e Pro Evolution. Capa do Wilbour.

GOL F.C., ed. 4:
pesquisa nacional, com 100 jornalistas, elegeu o melhor jogador em atividade no Brasil em 2008. Tem ainda um divertida entrevista com o Padre Marcelo, que já foi mano de arquibancada. Além do perfil dos matadores Alex Mineiro e Washington, da revelação atleticana Renan Oliveira e do goleirão gremista Victor. Capa de Otavio Matiazzo Neto.

brasileirão 2008

A briga continua

Numa rodada em que todos os donos da casa venceram, o panorama na briga da frente se afunilou, com o Flamengo matematicamente vivo e o Grêmio na cola do São Paulo. Palmeiras e Cruzeiro podem na aritmética, mas já pensam declaramente só na Libertadores.

A esperança do Mengo está, ironicamente no Vasco. Há a possibilidade de os cruzmaltinos caírem por antecedência caso percam para o líder São Paulo em São Januário. Uma derrota tricolor e uma vitória rubro-negra em pleno Mineirão, sobre o Cruzeiro, e a coisa inflama. E o Grêmio não terá vida fácil diante do Vitória, lá na Bahia.

Profissionalmente, eu estou com pôsteres dos cinco concorrentes ao título engatilhados -- sim, enquanto a matemática permite, não descuidamos -- e esperto para plantão já no dia 30, penúltima rodada. Mas parece que a coisa vai sair mesmo dia 7, só não sei se com dois ou três clubes na briga.

16 de nov. de 2008

brasileirão 2008

Raposa paraguaia

- O Cruzeiro, a exemplo de 2007, fraquejou no momento decisivo (goleado pelo Náutico, por 5 a 2, no Arruda). Se o São Paulo perder ou empatar logo mais contra o Figueirense, no Morumbi (!!!), continua com chances. Mas, vale o registro de que o time azul esteve sempre, desde a primeira rodada, entre os primeiros. Não é preciso taça para reconhecer um bom time, que joga com propriedade. Ramires, Wagner e Guilherme deixaram seu recado.

- Só o Grêmio mesmo para não deixar o São Paulo esticar diferença na reta final. Mas o Coritiba, mesmo no Olímpico lotado, não vai dar moleza.

- Do Maraca, ou sai um sobrevivente na busca do título, ou focam os dois na vaga da Libertadores. Mas, certamente, será um jogão de bola!

- Aguardemos. Ao fim da rodada, o cenário estará mais claro -- e, provavelmente, mais tricolor...

14 de nov. de 2008

reportagem: senhor maracanã

A matéria abaixo foi publicada na edição 18 (maio de 2008) da 94FM Revista, de Bauru, que eu editava. Como só circulou regionalmente, ainda tem lá seu ineditismo e com prazer compartilho neste espaço, pois o Sr. Isaías, que por anos a fio cuidou da memória do Maracanã -- e hoje curte a aposentadoria numa confortável casa do bairro bauruense Mary Dota -- é uma figura doce, daquelas que nos faz ficar horas ouvindo suas histórias, contadas com paixão. Com vocês, o Senhor Maracanã.

Memória viva
Isaías Ambrósio cuidou da história do Maracanã por décadas e hoje goza merecido descanso em Bauru

Foto: Luís Cardoso


A denominação “Senhor Maracanã” estampou a edição de 17 de fevereiro de 1990 de La Gazzetta dello Sport, principal diário esportivo da Itália. A página, enquadrada e enviada pelos italianos, na ocasião, é apenas uma das lembranças do senhor Isaías Ambrósio. Ele é um importante capítulo da história do mais famoso estádio do mundo. Nascido em 6 de janeiro de 1927, em Pirajuí (veio ainda bebê para Bauru), hoje curte a aposentadoria em sua confortável casa no bairro Mary Dota. Quando garoto, torcia para a Lusitana, que deu origem ao Bauru Atlético Clube. “Hoje, simpatizo com o Noroeste e gostaria de conhecer o Alfredo de Castilho”, revela.

A história de Isaías com o estádio começou em julho de 1948, quando teve a oportunidade de trabalhar na construção do que seria o principal palco da Copa do Mundo, dois anos depois. Atuou também como telefonista e segurança e morou lá alguns anos. Bom de prosa, ofereceu-se para ser guia turístico do local. Durante cinco décadas, recebeu visitantes, celebridades e chefes de Estado, tendo na ponta da língua várias histórias do “maior do mundo”, inclusive a mais triste delas. “Eu estava na final da Copa de 1950. Bigode [zagueiro da Seleção] era um carniceiro, batia em todo mundo, mas não fez nada no lance do gol. Gigghia passou por ele como quis. Foi triste mesmo!”, relembra.

Isaías voltou para Bauru em 2004, depois lutar contra problemas de saúde. Ele sofreu um acidente vascular cerebral em pleno Maracanã, diante de turistas, ao saber que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, havia sugerido em uma entrevista demolir o estádio. “Estava triste no Rio e achei por bem terminar meus dias aqui, onde começou a minha vida”, relata. Passados o susto e a desilusão, ele voltou a sorrir. O Maraca foi reformado para o Pan-Americano. Na reabertura, em janeiro de 2006 (um clássico entre Vasco e Botafogo), foi convidado para a festa. “Olhando o Maracanã do gramado, a lágrima escorreu”, conta. A paixão é tanta que ele sempre afirmou que gostaria de ser enterrado no meio do campo. Diante da negativa do chefe, ganhou em contrapartida outro presente: seu segundo casamento, com Zuma, foi celebrado nas dependências do estádio. Mesmo local onde seu nome está eternizado com uma placa, ao lado de feras como Zico e Didi.

Funcionário vivo mais antigo da Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro, órgão que administra o estádio), Isaías orgulha-se do seu número de registro, 00009. Pai de seis filhos (“Todos bem de vida, graças a Deus”), recebeu duas importantes homenagens em 2000, ano do cinquentenário do Maracanã: o título de cidadão do Estado do Rio de Janeiro, por indicação do deputado Roberto Dinamite, e a medalha de mérito Pedro Ernesto (a mais importante comenda do município), requerimento do vereador Agnaldo Timóteo. Nenhuma delas, porém, mais significativa do que seu sorriso, o de um homem realizado.

Na imagem acima (reprodução), o cartão de apresentação: quem falava francês, espanhol ou italiano se dava bem no papo com Sr. Isaías

blogspot é o que há!

(Re)Começando

Sagitariano gosta mesmo de mudança. Mal ressuscitei meu blog no Uol e decidi mudar de hospedagem. O blogspot é muito melhor para postar, editar, linkar, enfim... Agora eu estou no mesmo domínio dos meus colegas Mara De Santi (espacejamentos.blogspot.com) e David Cintra (factor-zero.blogspot.com), cada um nota 10 em suas propostas.

Os posts abaixo são os que resistem ao tempo e foram resgatados de lá. Seja bem-vindo! E cornete à vontade!

time imaginário: volantes

Cancha inteira

Assim como a seção Craque 90, farei também esta Time imaginário e ainda a Campinho. Esta trará formações que gostaríamos de ver -- outras nem tanto, como uma seleção de perebas, por exemplo...Um exercício divertido, inspirado na coluna do Torero na Folha de S. Paulo, no início desta década (ele incentivava os leitores a montar times, do tipo "só de Fábios", "Zé...", etc). Meu time de laterais-esquerdos coringas espalhados por todo o campo, ele só não publicou porque não botou fé que o Mazinho (campeão do mundo em 1994), era lateral-esquerdo de origem. Em tempo: José Roberto Torero é o nome da minha turma da faculdade. Vou começar pelos volantes/coringas do Brasileirão:

Rogério Ceni: pela grande habilidade com os pés, será sempre o goleiro, a não ser quando o tema pedir ex-jogador de time X, craques da época Y, etc...
Zé Luís: Éder, Jancarlos, Rafael, Joílson. Botou essa turma toda de especialistas da lateral-direita no banco, por um longo período.
Jaílton: há tempos compõe a zaga, como falso cabeça-de-área. É o cão-de-guarda rubro-negro.
Martinez: a grande sacada de Luxemburgo neste Brasileirão. Mas acho um desperdício, pela sua habilidade...
Richarlyson: apesar da má fase, no banco, começou bem o campeonato na lateral-esquerda, com boas assistências.
Elias: num time de volantes coringas, aqui é o meia que virou volante -- e deu certo. Ponto para o Mano.
Rever: aqui é um volante que virou zagueiro. O Grêmio acabou de renovar seu contrato.
Kléberson: já virou um faz-tudo no meio. Ótimo passe final.
Hernanes: começou na meia, estourou como volante e agora salva seu time em tempos de escassez na armação tricolor.
Ramires: é o volante-artilheiro do Brasileirão. Por isso, é o segundo atacante dessa formação.
Magrão: além de habilidoso, o volante colorado é bom cabeceador. Ganhou a camisa 9.

brasileirão 2008

Muricy e sua seleção

No Bem, Amigos (Sportv) do último dia 10 de novembro, o treinador do São Paulo, ótimo entrevistado que sempre é, não afinou a escalar sua seleção do Brasileirão (sem citar seus atletas do Tricolor): Bruno (FLA), Vítor (GOI), Índio (INT), Thiago Silva (FLU) e Juan (FLA); Rafael Carioca (GRE), Ramires (CRU), Wagner (CRU) e Alex (INT); Guilherme (CRU) e Kléber Pereira (SAN). Não à toa, tem três do Cruzeiro, o time que ele afirmou ser o que joga o futebol mais vistoso. Gostei também de ouvi-lo dizer que é exagero da crônica criticar a qualidade do nosso futebol.

Aproveito e escalo o meu time (num ousadíssimo 4-3-3): Victor (GRE); Vítor (GOI), Fábio Luciano (FLA), Miranda (SPO) e Juan (FLA); Ramires (CRU), Hernanes (SPO) e Alex (INT); Keirrison (CTB), Kléber Pereira (CRU) e Guilherme (CRU).

Foto: Gaspar Nóbrega/Vipcomm

craque 90: edu lima

Calibre 11



Apesar de fã de Romário, Ronaldinho e Diego, eu admiro muito jogador canhoto. Eu queria ser canhoto. Acabei virando de tanto chutar bola na parede. Por isso, o primeiro nome desta seção é um cara sinistro, literalmente. Chutava muito. Bomba seca.

Não me lembro de nenhum drible desconcertante de Edu Lima. Nem de uma arrancada fulminante pela ponta-esquerda, seu local de ofício. Mas a turma da barreira deveria tremer. Ouvi falar dele pela primeira vez atuando no Internacional. Antes disso, fora revelado pelo Cruzeiro e teve passagens-relâmpago por Palmeiras, Vitória e Bahia. No Inter, fez trio de ataque sensacional com o ponta-direita Maurício (o do gol do fim do jejum do Botafogo) e o centroavante Nilson (o cigano da bola, o Pirulito, artilheiro do Brasileirão de 1988). Depois, foi campeão mineiro no Galo, em 1991, quando tinha a concorrência do finado Edivaldo.

Edu seguiu para o futebol paulista, para defender o Guarani. Fez muitos gols e deu outros tantos para Luizão e Amoroso. Também jogou ao lado do já veterano Biro-Biro e do bom quarto-zagueiro Pereira. No meio dessa passagem, ficou um tempinho no Flamengo. No jogo da foto acima, contra o São Paulo no Maracanã, fez um gol com a colaboração de Zetti (frangaço). Na Gávea, atuou com Renato Gaúcho, Casagrande, Marcelinho, Gilmar Rinaldi e foi treinado pelo maestro Júnior. Aí voltou para o Bugre antes de começar aquela característica peregrinação por times pequenos.

É da mesma linhagem de João Paulo (ex-Corinthians, Palmeiras, Santos e muitos etc, não o driblador bugrino que brilhou no Bari da Itália), Éder Aleixo, Adil e Paulo Egídio -- a do camisa 11 que tem pólvora dentro da chuteira. Não foi um fora-de-série, mas deu trabalho.

Fotos: reprodução site oficial Edu Lima

nova seção

Craque 90
Passeio pela década mágica (pelo menos pra mim)

Não poderia ser diferente: sou apaixonado pela década de 90 no futebol brasileiro porque foi durante esse período que eu tinha tempo de sobra para acompanhar e decorar tudo sobre o mundo da bola. Paulo Vinícius Coelho, em seu livro Jornalismo Esportivo (Editora Contexto, 2004) cita frase de nosso colega Mauro Cezar Pereira, que justifica tudo: "Ninguém entende mais do assunto do que um garoto de 12 anos".

Pois bem, enquanto minha memória permite, vou passear por essa década mágica, trazendo reminiscências de grandes (e outros nem tanto) jogadores que desfilaram pelos gramados (principalmente do Brasil) nesse período.

a fala: ronaldinho

Eu acredito nele

Eu não sou muito exigente com o que jogador faz fora de campo. Ele tem vida, afinal. Quem, perto dos 30, não bebe e curte a noite? A coisa pega quando o excesso fora influencia no rendimento do atleta. No caso específico de Ronaldinho, parece que ele tinha perdido o tesão de jogar, afinal, sempre deu a entender que gosta de sorrir durante o jogo. E as contusões, somadas à cobrança por títulos no Barcelona, esconderam os dentões do craque no Camp Nou.

No Milan, ele encontrou o habitat perfeito. Lá é o SPA dos craques. O clima é bom. Pelo menos para quem vê de fora, a fogueira da vaidade não queima pelos lados de San Siro. Ele fica no banco, entra, faz golaço, é titular em outro jogo, volta para o banco... Nesse vai-vém, o certo é que o treinador conta com ele. Desgasta-se menos e inspira-se mais -- vide golaço contra o Braga, pela Copa Uefa.

Ronaldinho é daqueles que arrancam sorrisos, espalham carisma. Nem sua notória dívida com a camisa da Seleção me motiva a vaiá-lo. Até porque ele foi bem em 2002, no Penta, mas parece que todos fazem questão de não se lembrar disso. De qualquer forma, vou esperar pela explosão dele com a 10 amarela -- ele terá 30 anos em 2010, a exemplo de Pelé em 1970, e dessa maturidade pode nascer o hexa. Eu acredito. Mais o fã/torcedor do que o jornalista, confesso. Mas jornalista é chato, então...

Foto: reprodução site oficial Milan

tcc jornalismo esportivo

Seis anos depois...



Fiz meu Trabalho de Conclusão de Curso (afaladabola) em 2002. Bem despretensioso, um livro-reportagem com texto de revista e layout de jornal (texto em duas colunas em um página de 14 x 21cm!!!). E eis que seis anos depois o William Douglas, também formado em Jornalismo na Unesp/Bauru, lembrou-se deste trabalho ao ver a dica deste blog, homônimo, no meu tag do MSN. Comentou que a turma de boleiros que hoje estuda por lá confere a "obra" na biblioteca. Achei legal, pois imaginava que acumularia poeira.

Por falar em William Douglas, repórter esportivo do Bom Dia Bauru (junto com o Bruno Mestrinelli, com quem atuei no saudoso Ritmo do Esporte, da 94FM), hoje o 'Seo' Damião Garcia pediu água no Noroeste, mais uma vez. Diz que sai no próximo dia 30. Ele já deu uma de Jânio Quadros outras vezes (querer voltar nos braços do povo), mas parece que desta vez a coisa é séria. JoãoBidu, vice-presidente, e Kiko, presidente do Conselho Deliberativo, já anunciaram suas demissões.

É esperar e rezar para o querido Norusca não afundar. E como diria o interminável (e impagável, figuraça) Leo de Britto, aquele abraço para todos os unespianos, boleiros e futuros jornalistas.

Detalhe: Neto é meu ídolo de infância (e nunca tinha visto a capa do livro Eterno Xodó (Renato Nalesso e Fabrício Bosio, Gryphus Editora), que tem a mesma imagem de capa. Coincidência total. Romário é o ídolo de sempre e Ronaldinho, o de hoje.
 
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